Concessionária já detectou 11.647 desvios e recuperou 349 milhões de litros de água desde o início da operação. Novo estudo nacional reforça urgência do tema: Brasil perde 6 mil piscinas olímpicas de água tratada por dia.
A cada dia, o Brasil desperdiça o equivalente a 6.346 piscinas olímpicas de água tratada antes que ela chegue às torneiras das famílias. O dado, revelado na última semana pelo Estudo de Perdas de Água 2025 do Instituto Trata Brasil, acende um alerta vermelho sobre a urgência de combater vazamentos, fraudes e desperdícios em todo o país. No sertão alagoano, a Conasa Águas do Sertão vem intensificando esse enfrentamento com resultados concretos: desde o início de sua operação, a concessionária já identificou e combateu 11.647 fraudes no sistema de distribuição, recuperando 349 milhões de litros de água que agora beneficiam diretamente as famílias da região.
O trabalho ganhou ainda mais força nos últimos meses, com operações que revelam a dimensão do desafio. Somente nos casos mais recentes identificados em Belo Monte, Santana do Ipanema, São Miguel dos Campos e Palestina, as equipes descobriram desvios que somavam centenas de milhares de litros mensais — volume suficiente para abastecer dezenas de famílias que pagam regularmente pelos serviços.
"O estudo do Instituto Trata Brasil reforça algo que vivenciamos diariamente no sertão: o combate às perdas de água não é apenas uma questão técnica ou econômica, mas uma urgência social e ambiental", afirma Heron Lima, gerente de Eficiência Operacional da Conasa Águas do Sertão. "Cada litro recuperado representa a garantia de que mais famílias terão acesso regular à água em uma região historicamente marcada pela escassez."
Intensificação das ações no sertão alagoano
Diante desse cenário de urgência nacional, a Conasa Águas do Sertão vem ampliando sistematicamente suas ações de combate às perdas. A concessionária já investiu mais de R$ 10 milhões de reais no programa Mais Água de combate ao desperdício, desenvolvido em parceria com o Governo de Alagoas por meio do programa Mais Água.
As operações recentes demonstram a intensidade e a eficácia do trabalho das equipes. Uma fiscalização na zona rural de Belo Monte, por exemplo, descobriu um único imóvel com três grandes reservatórios, totalizando capacidade para 146 mil litros, todos abastecidos com água desviada da rede principal. O volume era suficiente para suprir o consumo de mais de 14 famílias por um mês inteiro.
Já durante fiscalizações em Santana do Ipanema, as equipes identificaram uma ligação clandestina em uma chácara que desperdiçava 70 mil litros mensais, utilizados para criação de animais, manutenção de piscinas e irrigação de plantio de cana-de-açúcar. Em São Miguel dos Campos, foi constatado desvio em imóvel de alto padrão no Loteamento Rui Palmeira, com perda estimada de 30 mil litros por mês.
"É inaceitável que, enquanto trabalhamos para garantir o abastecimento em uma região com histórico de escassez, pessoas desviem volumes capazes de atender a tantas famílias", afirma Heron Lima. "Cada 'gato' representa um prejuízo direto para a coletividade, pois despressuriza a rede e reduz a água disponível para quem paga suas contas em dia. Além disso, quem pratica fraude não se preocupa com o consumo consciente, agravando o desperdício de um recurso tão vital."
Investimento em tecnologia e equipes especializadas
A intensificação do combate às perdas envolve não apenas mais fiscalizações, mas também o uso de tecnologias avançadas. A Conasa Águas do Sertão utiliza geofones para localização de vazamentos ocultos, macromedidores e mantém um Centro de Controle Operacional (CCO) que identifica rapidamente qualquer irregularidade na rede.
As ações incluem desde megaoperações integradas, que mobilizam dezenas de colaboradores simultaneamente em múltiplas frentes de trabalho, até fiscalizações de rotina que percorrem sistematicamente as 40 cidades atendidas pela concessionária. Esse trabalho coordenado tem permitido não apenas detectar fraudes, mas também substituir dispositivos hidráulicos desgastados, reparar vazamentos crônicos e modernizar a infraestrutura de distribuição.
Os números do combate às perdas ganham significado real quando se traduzem em melhorias concretas para a população. Em Ouro Branco, onde moradores chegavam a ficar até 20 dias sem água, a Conasa conseguiu triplicar a vazão para o município, passando de 8 para 30 litros por segundo, graças à ativação de novas adutoras, recuperação de reservatórios inoperantes e eliminação de fraudes que comprometiam o sistema.
"Por isso nosso trabalho tem uma dimensão que vai além do operacional", explica Antonio Hercules Neto, diretor da Conasa Águas do Sertão. "Estamos contribuindo para a sustentabilidade ambiental da região, garantindo que a água disponível seja utilizada de forma eficiente e justa, beneficiando o maior número possível de pessoas."
Regularização sem multa continua disponível
Paralelamente às fiscalizações intensivas, a Conasa Águas do Sertão mantém campanha permanente de autodenúncia que permite regularizar ligações clandestinas sem aplicação de multa. A iniciativa representa uma abordagem educativa e preventiva, reconhecendo que muitas irregularidades podem ter origem no desconhecimento das normas ou em situações herdadas de ocupantes anteriores dos imóveis.
Clientes com ligações irregulares podem procurar a concessionária para normalizar sua situação através do telefone 0800 000 2122, que também funciona como WhatsApp. O atendimento aceita denúncias anônimas, fortalecendo a colaboração comunitária no combate às fraudes.
As ligações clandestinas descobertas pelas equipes de fiscalização estão sujeitas a multas que podem chegar a R$ 2.482,91, acrescidas da cobrança retroativa pelo consumo estimado. Além das penalidades administrativas, o desvio de água constitui crime de furto qualificado por fraude, conforme artigo 155, § 4º, inciso II, do Código Penal, com penas de 1 a 4 anos de reclusão.
"Queremos construir uma cultura de responsabilidade e uso consciente da água", afirma Heron Lima. "O estudo do Instituto Trata Brasil mostra que esse é um desafio nacional, mas estamos fazendo nossa parte aqui no sertão alagoano, intensificando ações, investindo em tecnologia e mobilizando equipes para garantir que cada litro de água tratada chegue às torneiras das famílias que dela necessitam."